Últimos 100 anos foram os mais pacíficos da humanidade

SEGUNDO PSICÓLOGO, O ÚLTIMO SÉCULO FOI O MENOS VIOLENTO DA HISTÓRIA E SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA É APENAS UMA ILUSÃO

Em seu novo livro, o renomado psicólogo e professor da universidade de Harvard Steven Pinker afirma que os últimos 100 anos da história foram os mais pacíficos da humanidade. Mesmo após duas Guerras Mundias, responsáveis por mais de 65 milhões de mortes, o extermínio de 6 milhões de judeus no holocausto, diversas guerras civis e a violência urbana, Pinker alega que o mundo nunca foi tão pouco violento. Segundo o psicólogo, “as estimativas que temos sobre as mortes nos séculos anteriores, quando calculadas como uma proporção da população mundial daquele período, mostram que pelo menos nove atrocidades anteriores ao século XX parecem ser bem piores que a Segunda Guerra Mundial. Estamos falando do colapso de impérios, das invasões de tribos montadas, do tráfego de escravos e da aniquilação de povos nativos com inspiração religiosa. Nessa lista, a Primeira Guerra Mundial nem está entre os dez eventos de maior mortalidade da história”.

 Steven Pinker            

Utilizando idéias do filósofo britânico Thomas Hobbes, Pinker argumenta que a violência diminuiu devido ao surgimento de Estados, normas e regras que controlam o comportamento do homem. A disseminação da cultura, juntamente com processos de urbanização e aumento do comércio, teriam contribuído para a formação dos chamados “círculos de empatia”. Estes “círculos” tornariam mais fácil a empatia entre pessoas de diferentes crenças e etnias. Para sustentar sua hipótese, o pesquisador reuniu dados que mostram uma significativa queda no número de mortes a cada 100 mil habitantes ao longo da história, devido tanto a assassinatos quanto a guerras.


  O psicólogo ainda diz que a atual sensação de insegurança é uma ilusão, causada por nosso cérebro e influenciada pelas coberturas jornalísticas sensacionalistas de eventos violentos. “Estimamos a probabilidade de algo acontecer a partir da facilidade com que lembramos de casos semelhantes. Cenas de massacre são mais marcantes que as de pessoas morrendo de velhice. E hoje os massacres chegam até nós com enorme freqüência, por causa dos meios de comunicação”.

Críticos de Pinker sugerem que seus estudos são focados na Europa, continente mais pacífico do mundo, e que a violência em lugares como o Caribe, África e até mesmo em bairros pobres de grandes cidades estaria aumentando. Só no Brasil, mais de 230 mil pessoas foram assassinadas desde abril de 2007. Em defesa, Pinker argumenta, respaldado por sua tese, que estas áreas vivem sem a presença civilizatória do Estado.