Número de ursos polares cresce, assusta nativos e preocupa ambientalistas

Desde meados da década de 80 até hoje, o número de ursos polares aumentou em 400%, de acordo com relatório do governo canadense. O dado corrobora a opinião de populações nativas do Canadá, o país que mais abriga a espécie, segundo as quais as estimativas catastrofistas que colocam os ursos na lista de animais ameaçados de extinção não encontram respaldo na realidade cotidiana de quem convive com estes animais. 

Ao contrário dos nativos, estimativas de ONGs e grupos ambientalistas indicam que as populações de ursos polares estão em rápido declínio, conseqüência da caça e do aquecimento global. O argumento é de que a emissão de CO2 pelos humanos e a decorrente amplificação do efeito estufa contribuem para diminuir as áreas geladas nas quais os ursos habitam e se alimentam, o que promove intensa competição por uma oferta de comida reduzida. De acordo com estes grupos, as previsões de aumento de temperatura global nas próximas décadas indicam ser crítica a situação destes mamíferos.




Os ursos polares tornaram-se ultimamente um grave problema para os inuítes, habitantes aborígenes do território de Nunavut, na região ártica do Canadá. Nos últimos anos, as incidências de invasões de propriedades e parques pelos animais cresceu, e famílias que passam as férias na região agora levam armas ou contratam caçadores para se protegerem da ameaça branca de meia tonelada. Os inuítes, povo caçador, pedem que o governo canadense aumente as cotas de caça aos ursos polares, uma vez que as recentes invasões a cidades do território, evento raramente registrado, seriam prova de que as populações dos animais estão crescendo abusivamente. 

Grupos ambientalistas não concordam com os dados do governo canadense e com as observações in loco dos nativos. Segundo eles, é natural que ursos polares comecem a surgir em áreas mais ao sul de onde antes viviam, já que seu habitat natural, as geleiras ao norte do continente, está sendo consumido pelo aquecimento global. “Estamos cientes de que há mudanças nos padrões climáticos, mas não estão afetando a vida dos animais”, garante Harry Flaherty, líder da Comissão Administrativa da Vida Selvagem de Nunavut. “Ursos polares caçam nas regiões de banquisas (placas de gelo flutuantes), em gelo recém-formado, e nos fiordes em busca de filhotes de foca. Eles não caçam nas geleiras (regiões de gelo acumulado durante várias épocas)”.